(Provérbios 3:7-8 e Provérbios 9:7-9)
Normalmente,
consideramos as enfermidades como algo próprio do corpo. Por isso, quando
ficamos doentes, procuramos tratamentos que estejam relacionados à nossa
química e demais aspectos da vida física. Até médicos, por melhores que sejam,
podem cair na tentação de examinar e cuidar apenas do corpo, sem levar em
consideração as necessidades que ultrapassem os limites de nossa constituição
biológica.
A
vida é mais do que o corpo. O ser humano, em linguagem bíblica, é alma vivente
(Gênesis 2:7): corpo modelado da terra e fôlego de vida do Criador nas narinas.
Portanto, deve cuidar do corpo e da alma. Do interior e do exterior. Como
escreveu Paulo: “embora exteriormente nos desgastemos, interiormente somos
renovados dia após dia” (2 Coríntios 4:16). E mesmo a ciência já descobriu esta
verdade, tendo chamado nossa atenção para as chamadas doença psicossomáticas
(palavra de origem grega, une os substantivos psique e soma, respectivamente
alma e corpo), isto é, doenças do corpo que nasceram na alma.
Contudo,
há doenças próprias da alma. Elas podem ou não se manifestar no corpo, mas são
próprias da alma. Para viver de modo excelente, é preciso saber preveni-las ou,
se for o caso, diagnosticá-las e tratá-las de modo correto. Principalmente as
mais graves, que são três: a estupidez, o rancor e a ingratidão.
Estupidez é doença da alma. Faz do ser humano
um animal irracional. Leva-o a agir por impulsos e instintos, quando foi dotado
de uma capacidade maravilhosa de pensar e agir por convicções, valores,
princípios. Por isso, chamo a estupidez de enfermidade limitadora. Atinge a
alma como uma cegueira ou uma surdez atinge o corpo. Impedem a pessoa de
desfrutar de uma faculdade fundamental para a vida. No caso destas, a faculdade
de ver ou ouvir. No caso daquela, a faculdade de refletir.
Para
prevenir ou tratar a estupidez, o mesmo remédio: reflexão profunda,
espiritual. Coragem para interromper, vez ou outra, o curso comum das
coisas e meditar nos ensinamentos de Deus para a mente e o coração. Como
escreveu Paulo: transformem-se pela renovação da mente, para que experimentem a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Rancor é doença da alma. Chamo-a de
enfermidade degenerativa. Faz com que o ser humano definhe como quem definha
com um câncer avassalador. A Bíblia usa a expressão “raiz de amargura”, numa
alusão ao fato de que cresce no interior da vida, destruindo o que encontra
pela frente. Apequena, encolhe e inibe a pessoa, que passa a viver em função de
suas mágoas e aprisionada a um passado doloroso e contínuo.
Para
prevenir ou tratar o rancor o remédio é um só: exercício decidido e firme do
perdão. Não importa o merecimento, a culpa, o prejuízo ou a restituição.
Perdão não é favor que fazemos ao ofensor, mas um bem que fazemos a nós mesmos.
É obediência a Deus, em primeiro lugar. E como uma cirurgia de emergência ou
quimioterapia, perdão é desafio imediato, não pode esperar. O risco é a morte
da alma, ainda que o corpo continue vivo.
Enfim,
a ingratidão é doença da alma. Enfermidade infecciosa e contagiosa.
Infecciosa porque rouba o vigor e a saúde de tudo mais. Contagiosa porque afeta
quem convive com o doente. Se não tratada, confinará o enfermo ao isolamento na
vida e à morte precoce de todos os seus sonhos e esperanças.
Para
prevenir ou tratar a ingratidão, e é sempre melhor prevenir que remediar,
somente a gratidão em doses diárias e generosas. Paulo diria: “em tudo
deem graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para vocês” (1
Tessalonicenses 5:18). Agradecer sempre, mesmo por aquilo que não queremos ou
gostamos, porque temos a Cristo e Ele nos basta: sinal de saúde de alma. Vida
longa para o agradecido. Ou melhor: VIDA ETERNA!