Eclesiastes 5:13 a 6:2.
O Eclesiastes apresenta a vida como ela é,
sobretudo quando a vida é recebida como um presente que vem de Deus,
simplificando as coisas e nos ensinando um caminho mais reto e simples de ser
percorrido. Sabemos que é mais fácil complicar a vida quando somos ricos do que
quando somos pobres. Embora simplicidade não seja sinônimo de pobreza, o pobre
precisa de mais criatividade para complicar a vida do que quem tem alguma
coisa. O homem tem muitos desejos na vida e imagina que realizar estes desejos
será um caminho de felicidade. O Eclesiastes está falando de alguém que chegou
nesse estágio e viu um mal terrível debaixo do sol, porque acumulou riqueza
para a sua própria infelicidade. Não tem nada pior do que nos descobrirmos no
meio de uma complicação enorme, muitas vezes criada por nós mesmos. Como
descomplicar a vida? Como encontrar um caminho de simplicidade onde nos sintamos
bem diante de nós mesmos, das pessoas e, acima de tudo, diante de Deus? O que
este texto tem para nos ensinar a respeito dessa relação com os privilégios e
as coisas boas que Deus nos dá?
1. Riqueza compra muita coisa, mas não compra o futuro. O homem do texto acumulou para a sua própria infelicidade porque não
era capaz de se tranqüilizar em relação ao futuro. Estava apavorado pelo medo
de um mau negócio. Mas as riquezas não se sustentam por si mesmas e por isso não
têm o poder de garantir o futuro. Não há estrutura que não possa desmoronar.
Não há conforto que não possa se perder. Não há estabilidade que não possa se
desestabilizar. E a enfermidade? E a traição? Mas existem pessoas que nunca
perderam nada e, mesmo assim, sofrem só em pensar na possibilidade de
acontecer. O único meio de vencer o medo do futuro é confiar no cuidado do Pai.
O salmista diz “mas eu confio no Senhor e o meu futuro está em Suas mãos e Ele
me defenderá dos meus adversários”. Eu não sei o que vai acontecer comigo, mas
uma coisa sei: nada do que tenho hoje me preservará de uma tribulação que poderá
vir amanhã, por mais que eu me previna. O ditado popular diz que “gente
prevenida vale por duas”. Mas às vezes gente prevenida “pesa” por duas! Não tem
leveza, não tem paz, está sempre sobrecarregada. É tão bom quando a gente
aprende que o nosso “amanhã” está nas mãos do Senhor! “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso
respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim
que esperais”. (Jeremias 29:11)
2. Riquezas não compram felicidade. Sabemos
que dinheiro não compra felicidade, senão não haveria ricos infelizes. O texto
diz que esses vivem em trevas, frustração e desgosto porque não conseguem
desfrutar daquilo que têm. Sabemos que dinheiro não traz felicidade, mas o que
não sabemos como lidar com isso. A sugestão do texto é aprender a lidar com
aquilo que Deus dá. O dinheiro não traz felicidade porque ele não tem felicidade
para oferecer! Mas em algum lugar do coração humano ficou plantada a semente de
que, quando ele chegar vai trazer felicidade. Então eu serei feliz “se”, mas
não sou feliz “enquanto” o dinheiro não chegar. Por isso que a felicidade não é
um lugar onde se chega, mas o jeito como a gente vai. Então, o que é
felicidade? É um balanço geral que fazemos da nossa vida, pesando numa balança
o que é bênção e o que nos afeta negativamente. E entre tantas coisas, ruins e
boas, nosso saldo ainda é positivo. Na balança da vida do cristão, no prato das
coisas positivas existe o relacionamento com Deus. E isto pesa quanto? Se temos
Deus, o que podemos colocar no outro prato da balança que vá fazê-la oscilar?
Então somos totalmente felizes, muito embora nesta hora possamos estar tristes
por causa de algum problema. Nesta lógica você pode entender que “felizes os
que choram, porque serão consolados” – têm Deus no outro lado da balança. Alegria é diferente de felicidade porque é um
sentimento que vem de experiências que eu considero favoráveis para mim. Mas a
felicidade não é um sentimento. A alegria pode dar lugar à tristeza, pois é um
sentimento e oscila. A alegria do Senhor é a nossa força, porque quando eu
permito que o Senhor me alegre, a resposta do meu ser é um fortalecimento para
seguir em frente, como uma “injeção” de ânimo. O que confia nos próprios
recursos oscila e não é capaz de desfrutar das coisas que Deus dá. O texto diz
que nada é melhor do que comer, beber e desfrutar. Não é preciso ter muito
dinheiro para ter bons momentos. E quem não é capaz de desfrutar no pouco,
também não é capaz de desfrutar no muito. O problema está na pessoa e não nos
recursos que tem.
3. Riquezas não compram fé. O texto termina
dizendo que é Deus quem concede. Concede para uns, mas muitas vezes não lhes
permite desfrutar e acaba dando para outro. Ele é soberano e esta é uma das
razões pelas quais muitas vezes o nosso coração não encontra descanso, pois não
cremos na soberania de Deus. Não cremos que Deus está no controle. Não confiamos
que Ele nos ama de fato. O salmista diz “eu confio no Senhor, o meu futuro está
em Suas mãos e Ele me protegerá dos meus adversários”. Precisamos confiar em Deus
como a criança que confia em sua mãe a ponto de descansar e dormir no seu colo,
sabendo que está protegida e segura. Quem conhece o amor de Deus aplaca as
buscas e os anseios do coração. O projeto não é ser feliz, mas andar com Deus;
ser a pessoa que Deus quer que sejamos. Isso garante nosso futuro, traz
felicidade ao nosso coração e alimenta a nossa fé.
Mensagem do Pr. MArcelo Gomes no culto das mulheres da 1ª IPI de Maringá. 23.04.2014.