quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Excelência X Esperança

Romanos 5:3-5 e 2 Coríntios 4: 8-9.
“A excelência possui inimigos. Não é fácil seguir seu caminho. Há obstáculos, perigos e armadilhas no percurso. Dentre os riscos, os mais comuns são o descaso, o desânimo e o desespero. É preciso compreendê-los e enfrentá-los.
O descaso é uma atitude de desprezo e indiferença. Faz com que a pessoa não perceba ou não reconheça a importância de algo ou alguém. Seu coração permanece fechado, mesmo em face dos estímulos e insistências que recebe. É como um filho que não dá atenção aos conselhos de seu pai ou a menor importância para as preocupações de sua mãe. Ele ouve, mas, como costumamos ilustrar, é como se entrasse por um ouvido e saísse pelo outro.
Muita gente trata a vida com descaso. Das duas, uma: não conhece seu próprio valor e, por isso, não tem discernimento para avaliar o mundo à sua volta; não conhece a ausência, a necessidade, e tende a acreditar que tudo, sempre, estará à sua disposição, em abundância. Sabe aquele tipo de gente que só reconhece o valor quando perde? O descaso leva à perda e esta, às vezes, é irreversível. Não é bom tratar o desafio da excelência com descaso.
O desânimo também é inimigo da excelência. Faz com que a pessoa desista do desafio em razão das adversidades que encontrou pelo caminho. Seu coração e alma estão exauridos. Mas não é exatamente um cansaço, pois deste é possível descansar. Ainda que seja mental ou emocional. O desânimo se instala quando o cansado não acredita no descanso e não sente que seja possível renovar forças ou motivações para seguir adiante.
Vivemos dias desanimadores e há muita gente desanimada por aí. Gente que não suporta mais os desgastes que suas lutas impõem. Como dizemos, está por um fio. É gente que precisa parar para pensar, elaborar frustrações e decepções, planejar com coragem, respirar fundo. Lembrar das palavras de Jesus, que nunca enganou ninguém: no mundo vocês terão aflições, mas tenham bom ânimo porque eu venci o mundo. Excelência é caminho árduo, mas que faz valer a pena seguir adiante a cada novo dia.
Enfim, o desespero é inimigo da excelência, pois desestabiliza e precipita na destruição. É mais que desânimo: se este é um olhar para si mesmo que encontra o coração sem forças, aquele é um olhar para as circunstâncias que as encontra sem remédio. É uma declaração de impossibilidade, de falência, de derrota inevitável. Uma pessoa desesperada é aquela que não vê saída para os problemas, sobretudo porque as soluções que imaginou ou previu já não são mais acessíveis ou suficientes.
Por tudo isso a esperança é irmã da excelência. Se o desespero nasce do encontro com portas que se fecharam, a esperança floresce como uma certeza de portas e janelas que se abrirão onde só há paredes. Não é um crer que tudo vai dar certo, mas um confiar mesmo quando nada dá certo do jeito que se imaginava, pois Deus está no controle de tudo. Não é uma expectativa de solução, mas uma certeza dos propósitos que orientam a vida dos que amam a Deus e esperam seu agir.
E se o ditado diz que a esperança é a última que morre, o cristão diz que sua esperança já morreu… Mas ressuscitou! Nossa esperança é Jesus, modelo de excelência, hoje e para sempre.”

Mensagem do Pastor Marcelo Gomes no culto das mulheres da IPI de Maringá

Religiosidade X Espiritualidade

1 Coríntios 15:44-50, Mateus 6:33 e 1 Tessalonicenses 1:2-3.
“Entre as dimensões de nossa vida está a espiritual. Fomos criados por Deus e para Deus, que é Espírito, podendo nos relacionar com Ele espiritualmente. Espiritualidade consiste, basicamente, de nossa participação na realidade de Deus.
Contudo, é fundamental saber diferenciar entre espiritualidade e religiosidade. Esta nasce  de um conceito; aquela, de um encontro. Explico: a religiosidade humana tem sua origem na ideia de Deus, que por sua vez resulta de uma suposição a partir da observação do mundo criado – deve haver alguém por trás de tudo isso! Assim, a religiosidade admite a existência do divino e de um poder ilimitado, como responsáveis pelo surgimento de todas as coisas. Mas não podendo saber nada de seu caráter ou propósito, limita-se a desenvolver modos de agradar o divino, para que não use seu poder contra a humanidade, senão a favor dela. Como definiu o sociólogo venezuelano Otto Maduro, a religião é um “conjunto de discursos e práticas, referente a seres anteriores ou superiores ao ambiente natural e social, em relação aos quais os fiéis desenvolvem uma relação de dependência e obrigação”.
Ocorre que a raiz da religiosidade é dupla: de um lado, a ideia de Deus; do outro, um distanciamento absoluto em relação a Ele. E se a raiz da religiosidade é humana, sua força é o medo, pois que segurança pode ter quem crê numa divindade cuja existência coloca em risco tudo mais? A resposta da fé, portanto, ao medo que gera a religião é a espiritualidade que nasce de um encontro pessoal com Deus, um relacionamento com Ele. Espiritualidade não é um sistema oriundo de nossas pressuposições sobre Deus, mas uma descoberta sobre seu caráter e vontade a partir de nossa experiência com Ele. Se religião é fruto de suposição, espiritualidade o é de revelação. Uma pessoa religiosa crê que Deus existe e que deve satisfazê-lo, para que Ele, por sua vez, viabilize sua vida; uma pessoa espiritual crê que Deus existe e que satisfaz, por si mesmo, todos os que o buscam. Uma pessoa religiosa vive em função de suas necessidades e obrigações para com a divindade; uma pessoa espiritual vive para Deus e descansa na certeza de seu cuidado amoroso. A palavra chave da religião é mérito; a palavra chave da espiritualidade é graça!
Na religiosidade o medo move o fiel; na espiritualidade, o amor. João escreveu que no amor não existe medo, pois o verdadeiro amor lança fora todo o medo. Aliás, João também escreveu que Deus é amor. Isso é descoberta da espiritualidade; a religião não pode ir além dos conceitos de poder e juízo. Talvez, por isso a religiosidade gere tanto peso, rancor e intolerância, enquanto a espiritualidade gere leveza, perdão e conciliação.
Por tudo isto, a espiritualidade que se distingue de religiosidade resolve outros conflitos. Primeiro, entre transcendência e alienação: a espiritualidade é transcendente, pois participa da realidade de Deus e clama para que sua vontade seja feita na terra, assim como é feita nos céus; a religião anseia pelo céu enquanto torce para ver a terra ser destruída no fogo. Segundo, entre fé e superstição: a religiosidade é supersticiosa e procura formas de ajudar a fé a se impor sobre o divino, de modo a manipulá-lo; a espiritualidade é confiante e apta para aceitar, inclusive, o “não” de Deus, na certeza de que Ele tem sempre o melhor. Terceiro, entre justiça e moralidade: a religiosidade tem como principal objetivo o estabelecimento de uma moralidade padronizada; a espiritualidade vê na moralidade uma estratégia baseada em testemunho e autoridade pessoais com vistas ao estabelecimento da justiça (buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e Sua justiça!). Quarto, entre amor e afeto: a religião investe em afetos, pois sugere relacionamentos apenas entre iguais; a espiritualidade anda em amor, pois relaciona-se com o diferente na certeza de que fomos criados, todos, à imagem e semelhança de Deus. E isso é só o começo dessa dimensão…”

Mensagem pregada pelo pastor Marcelo Gomes no culto das mulheres da IPI Maringá