(Mateus 5:10)
Falar “felizes os que sofrem” no alto de sua
comodidade pessoal é uma coisa, outra é dizer isso em situação de sofrimento.
Jesus disse “felizes os perseguidos por causa da justiça”, porém jamais na
história alguém foi tão perseguido por causa da justiça. Quando olhamos para a Sua
vida e ministério, como as pessoas reagiram a tudo que fez e falou e o fim que
lhe prepararam, não é possível ignorar o quanto o ser humano consegue ser mau. Olhar
para tudo que aconteceu com Jesus é, de algum modo, perceber que essa lógica da
vida nem sempre é como gostaríamos que ela fosse. Sendo Jesus, o maior entre
todos os perseguidos, torturados e injustiçados a dizer estas palavras: “Felizes
os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus”, nós precisamos ouvi-las. É importante
que entendamos o que é uma perseguição, que é diferente de punição. Não é
perseguição quando você castiga e disciplina seu filho por causa de notas
baixas no boletim. É disciplina. Perseguição é quando, pelo simples fato de
você viver um estilo de vida próprio, você se torna um incômodo para alguém que
não consegue conviver com você e precisa eliminá-lo do contexto ou infringir
sobre você grande sofrimento. São três as razões pelas quais uma pessoa pode
ser perseguida pelo simples fato de ser quem é:
1. A pessoa evidencia ou mostra
de algum modo a mediocridade do seu perseguidor. Você é elogiada no seu trabalho, mas tem
aquela pessoa que está lá há vinte anos, esperando o mesmo elogio, o qual nunca
recebeu. Ao invés da pessoa fazer uma autocrítica, ela diz que a culpada é você
porque “eu que deveria receber esse elogio, eu que deveria receber essa
promoção, estou aqui há muito mais tempo”. E para não lidar com o fato de que a
mediocridade lhe tomou conta da alma, vai mirar em você e dizer “Eu não sossego
enquanto não te destruir”.
2. Perfil perseguidor de quem
tem medo. O medo também
está na base da ação perseguidora. Dizemos que a melhor defesa é o ataque.
Quantos medos fazem que você transfira para outros os sentimentos ruins que
está alimentando no seu coração? O que os fariseus sentiam em relação a Jesus?
Tinham medo de que Ele fizesse desmoronar a instituição religiosa: “Vem essas
pessoas dizendo que aqui não é mais importante do que ali, que Deus é para
todos, que não tem essa de religião, que o Evangelho é mais que isso... E se o
pessoal for atrás dele e eu não tiver mais como viver? Vamos matá-lo!”
3. Perfil perseguidor do
maldoso. É claro que tem
gente maldosa no mundo. O medíocre não gosta de ver a sua mediocridade
estampada, o medroso teme que você ocupe lugares que ele acha que são dele e o
maldoso tem dificuldade com tudo aquilo que é bom. No mundo existem pessoas más,
que não se contentam em ver as pessoas bem, não gostam de ver as coisas
caminhando bem e têm ódio daquilo que está bem.
Esse é o perfil perseguidor: mediocridade,
medo e maldade. Mas os discípulos de Jesus não são perseguidores. Eles são
perseguidos. O que Jesus está sugerindo com esta palavra? Que no mundo, ou você
é perseguidor ou você é perseguido.
Quando Jesus disse “Felizes os perseguidos”, a primeira razão que Ele está apontando é esta: os perseguidos não
são perseguidores. Se for para escolher um papel nessa relação, já sei o papel
que eu quero. A minha escolha é ser perseguido, não perseguir. A segunda razão é porque são perseguidos
por causa da justiça e isso também é um motivo de felicidade. Se for para
sofrer e ser perseguido, que seja sem merecer. E só é feliz quem, apesar de
toda perseguição, ainda consegue ter esperança. O perseguidor não tem a última
palavra. A última palavra é do Senhor: “Felizes os perseguidos por causa da
justiça, pois deles é o Reino dos céus”. Esta é a razão do o título sigam-me os maus! Quando Jesus estava
falando que iria morrer e ressuscitar e Pedro lhe diz “Mestre, nada disso vai
te acontecer”, Jesus lhe responde duramente “Afasta-te de mim satanás”. A palavra grega que traduzimos por
“afasta-te” é o mesmo verbo que aparece quando Jesus diz “Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me”. O que
Jesus está dizendo ao diabo não é “afasta-te”, “siga-me, persiga-me, venha me pegar”. É como se Jesus estivesse
desafiando satanás ali representado por Pedro: “Você acha que pode me destruir
ou me tirar do plano de Deus? Venha atrás de mim”. Qual a maior infelicidade do
perseguidor? É que ande sempre atrás do perseguido. Jesus vai à frente, e nós
com Ele. Um dia seremos recebidos pelo Pai.