terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A vida de Pedro: Lições sobre olhar e ver


(Atos 3:1-10)

Os olhos olham, mas nem sempre veem. Há uma diferença entre olhar e ver. Ver implica em prestar atenção. Isso leva José Saramago a dizer: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” Nós usamos o verbo reparar de forma simbólica: “Você reparou no vestido da Fulana?” Saramago usa “reparar” para devolver a condição ideal de algo, como consertar uma roupa ou algo que quebrou. O nosso olhar nos coloca em contato com o mundo e nos faz ajudar de alguma forma. Quando alguém se nega a ser benção, uma das expressões que usamos é “fecha os seus olhos” A pessoa que não ajuda ninguém, fecha os seus olhos para o que está a sua volta. Não se importa. Pedro olhou, viu e reparou. Algumas lições que aprendemos com Pedro:

1ª. Se você quer ter uma visão de fé na sua vida, você precisa ver o que ninguém está vendo. Pedro e João chegaram ao templo para a hora da oração, enquanto uns homens levaram o homem aleijado para a porta do templo, a fim de pedir esmolas. Ele era deixado na porta Formosa todos os dias. Quando fazemos algo todos os dias, corremos alguns riscos: coloco a vida no piloto automático, não penso mais no que faço. Não me pergunto mais por que eu faço isso todos os dias, ou por que eu falo desse jeito ou ainda por que eu estouro diante de determinada situação. Escolhi as prioridades certas? Uma análise da minha rotina pode me fazer ver que há uma inversão das minhas prioridades. O segundo risco é estabelecer que aquilo que faço sem pensar é algo definitivo. Pedro não viu aquela situação como definitiva. Aquilo poderia ser diferente, Deus poderia fazer um milagre. Essa é a benção de crer. Nada na nossa vida é definitivo. Deus pode fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos. Todos os dias as pessoas viam o aleijado e todos os dias este pedia esmolas. Quando este viu Pedro, o viu como uma oportunidade de ganhar esmolas. Mas Pedro tinha algo mais para ele, teve uma visão de fé. Mesmo que todos pensem em desistir da família, deixar de ler a bíblia ou falar mal do chefe, eu quero ser diferente. Deus pode mudar a minha família, quero orar pelo meu chefe, quero orar e ler mais a bíblia. Precisamos buscar a fonte da vida. Chega de remar no mesmo sentido que os outros – quero ter uma visão de fé!

2ª. Você precisa ver o que tem e o que não tem.  Pedro pede ao aleijado que olhe para ele e diz que não tem aquilo que estava esperando – ouro ou prata, nem a resposta para os seus problemas. Às vezes não queremos olhar as pessoas nos olhos porque sabemos que não temos o que esperam de nós. Também por isso, temos a tendência de passar sem olhar alguém necessitado que encontramos na rua, por exemplo. Temos a impressão de que se não olharmos, não nos comprometeremos. Mas Pedro quer que o homem o olhe, “não tenho ouro nem prata, mas o que tenho isso lhe dou”. Qual é o problema de colocar o que tenho à disposição? Quando temos Deus, temos mais do que aquilo que as pessoas precisam. O mundo precisa de mulheres cheias de Deus. Vivemos em um mundo em que não ter é o mesmo que não ser. Toda vez que olho a vida pela óptica das ausências não enxergo a presença de Deus. Deus não é uma ausência. Então, toda vez que eu focalizo as ausências, eu perco a referência de Deus. Pedro tem outra linha de raciocínio, ele não olha a ausência mas a presença. Pedro diz que aquilo que não tem não é o foco, mas aquilo que tem é muito mais importante: “Levanta e anda”. Eu posso não resolver o problema de alguém, mas posso orar com essa pessoa... Posso ser um instrumento de fé nesta vida.

3ª. Pedro viu antes o que depois todos puderam ver: um novo homem, fruto do milagre de Deus. Talvez este homem nem tenha entendido de imediato o que estava acontecendo. Era aleijado de nascença. Pedro pegou sua mão ao mesmo tempo que disse: “Levanta e anda!” Quem creu foi Pedro. E nós, no que cremos? Fazemos compromissos de oração porque cremos que Deus está ouvindo as orações. Então, já vamos dando passos de confiança, alegria e ânimo. Não é possível orar e em seguida levantar com o semblante carregado! Quando vemos algo acontecer pela fé, já vamos nos alegrando... Já me vejo andando. Sei que Deus está no controle de tudo e, quando me puser em pé, estarei com os joelhos firmes, saltando e louvando a Deus!
 
Mensagem do Pr. Marcelo Gomes no culto das mulheres da IPI Maringá.

A vida de Pedro: Lições sobre alcance


(Atos 5:12-16)

“Todos eram curados”. Todos os que vinham ou todos os que ficavam à sombra de Pedro? Essa é uma discussão antiga. Não há consenso sobre o assunto. As pessoas levavam os doentes para o caminho, a fim de que a sombra de Pedro ficasse projetada sobre eles. Na verdade, não importa se a sombra curasse. Este não é o tema da nossa reflexão. O que chama atenção é a sombra de Pedro ser mencionada. Importa a soberania de Deus, Ele faz do jeito que quer e quando quer. Para Ele não há impossíveis. Assim como as curas de cegos realizadas por Jesus, que foram feitas de várias maneiras. Esse tipo de discussão sobre a maneira certa de obter um milagre não é espiritual, mas superstição. Há algum tempo, começamos a ouvir no mundo evangélico a expressão “oração forte”. Também não importa se as nossas orações são fracas ou fortes. Importa é que Deus as ouça. “As nossas orações são fracas e pobres. Contudo, não importa que as nossas orações sejam fortes. Importa que Deus as ouça” (Karl Bart). Porque quando Deus ouve orações, elas são atendidas. E Deus sempre ouve orações.

Pensando na sombra de Pedro, podemos aprender três lições muito simples:

1ª. A sombra de Pedro era a sua presença onde ele não estava. A nossa sombra funciona como nossa presença naquele espaço que não estamos ocupando. Um prédio colocado num determinado terreno na rua, pode ter a sua sombra projetada na rua toda. A minha sombra também é capaz de ocupar espaços que eu não posso. Se sol estiver por trás de mim, ela pode ficar projetada sobre uma piscina por exemplo. Talvez colocassem os doentes onde passava a sombra de Pedro por não alcançarem a ele próprio... Então, a sombra de Pedro funcionava como uma extensão sua onde ele próprio não podia alcançar. E a minha sombra, onde pode alcançar? Onde Deus está usando a minha vida e eu nem estou? A oração pode ser como uma sombra, que toca lugares onde fisicamente não posso ir. A oração missionária ocupa espaços que eu não posso alcançar; oração por filhos, quando saem de casa, ou pelo marido que sai de viagem e não posso ir junto. Precisamos orar mais para que a nossa vida tenha um alcance maior, que vá além da nossa vida física.

2ª. A sombra funciona como alívio, proteção, refresco. Quem está caminhando há muito tempo debaixo do sol quente e, de repente encontra uma sombra, sente grande alívio no meio do deserto! No meio do deserto, tudo o que desejo é sombra e água fresca. O sol quente da vida, dos nossos problemas... Existem pessoas que funcionam como palito de fósforo no sol quente da nossa vida. Estamos queimando e essas pessoas nos queimam ainda mais. Não quero ser assim! Quero ser alívio na vida das outras pessoas, como sombra em terra seca.

3ª. Só produz sombra quem anda na luz, não na escuridão. Pedro tinha sombra porque andava na luz. Aí vemos a importância de andar na luz. Andar na luz significa que as pessoas que andarem à nossa sombra saberão que só desfrutaram de uma sombra porque há uma luz que brilha em nós – a sombra espiritual é o reflexo de Deus brilhando na nossa vida, a Sua presença. Às vezes, quero ajudar, ser uma benção, ter uma vida relevante, mas continuo desanimado, prostrado e no ostracismo de uma vida sem brilho. Não entendo o que está acontecendo comigo. O que está fazendo falta é essa luz! Ninguém será benção na vida de ninguém se não andar na presença de Deus! Antes de querer resolver um problema, preciso buscar a presença de Deus. Preciso buscar à Deus sempre, não apenas na hora da necessidade. E o que Ele fizer na minha vida, um milagre ou uma solução, será uma consequência...

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” Salmo 91:1
 
Mensagem do Pr. Marcelo Gomes no culto da mulheres-IPI Maringá.