(Gálatas 5:1 e 13-15, 1
Pedro 2:16 e João 8:31-35.)
“Há
quem confunda liberdade com independência. Ser livre seria não depender de
ninguém. Como na ilusão do jovem que vislumbra liberdade no dia em que sairá de
casa e não precisará mais do sustento de seus pais. Liberdade como sinônimo de
autossuficiência.
Há
quem confunda liberdade com isenção de responsabilidade. Ser livre seria poder
tomar decisões sem ter que se preocupar com as consequências. Como quando
alguém acusa Deus de não dar real livre-arbítrio na medida em que não isenta
dos desdobramentos que as escolhas acarretam. Liberdade como o direito de viver
sem compromisso. Esquecem o que afirmou John Stott quando escreveu que o homem
é livre para fazer escolhas e responsável pelas escolhas que faz.
Liberdade
é a vitória do ser sobre tudo que o aprisiona, limita e diminui. Liberdade não
é independência, pois a dependência mútua jamais nos apequena, mas engrandece.
Liberdade não é isenção de responsabilidade, pois esta jamais nos anula, senão
que nos eleva. Ser livre é ser capaz de superar as cadeias que impedem o fluir
da vida.
Existem
diversos fatores de aprisionamento. Basicamente, são de dois tipos: externos e
internos. Os externos conhecemos bem: sistemas prisionais, cárceres privados,
até castigos. Quem nunca proibiu um filho de sair do quarto? Mais difícil, no
entanto, é discernir os fatores internos, os quais aprisionam a alma e limitam
a realização do ser. A princípio, são quatro: medos, marcas do passado,
mentiras e vícios.
Os
medos aprisionam porque impedem que ultrapassemos barreiras ou enfrentemos
desafios. Roubam a confiança, minam a autoestima e prejudicam o livre exercício
das virtudes pessoais.
As
marcas do passado, traumas, mágoas e complexos, funcionam como correntes e
pesos que trazemos amarrados ao corpo. Vão conosco para onde formos,
atrapalhando movimento e mobilidade.
As
mentiras aprisionam porque exigem inúmeros esforços para manterem-se. Uma chama
a outra. Quem mente vira escravo das mentiras que contou e refém permanente dos
riscos de a verdade vir à tona.
Os
vícios, finalmente, aprisionam alma e corpo, pois transformam escolhas
equivocadas e prejudiciais em condicionamentos contras os quais é difícil
lutar. Uma pessoa viciada é aquela que já não tem liberdade para prescindir do
objeto de sua obsessão.
Por
isso, em primeiro lugar, é preciso identificar os agentes de aprisionamento
presentes em nossa vida. Quais são os fatores de aprisionamento que me diminuem
como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus? Então, em segundo lugar, é
preciso tomar atitudes corajosas, pois liberdade e coragem andam juntas. Para
vencer o medo, a coragem de confiar. Para vencer marcas do passado, a coragem
de perdoar e pedir perdão. Para vencer a mentira, a coragem de falar a verdade.
Para vencer os vícios, a coragem de pedir ajuda. Aliás, este será sempre um
passo importante: pedir ajuda, sobretudo de Deus.
Jesus
é nossa referência de liberdade e também quem nos liberta de toda escravidão.
Ele nos liberta do pecado e do mal que estão na base de todos os demais fatores
de aprisionamento. Como Ele mesmo disse: se o filho os libertar, vocês
verdadeiramente serão livres! E a liberdade é excelente! E gente excelente é
gente livre!”
Marcelo
Gomes