terça-feira, 25 de junho de 2013

Liberdade / Independência


(Gálatas 5:1 e 13-15, 1 Pedro 2:16 e João 8:31-35.)

“Há quem confunda liberdade com independência. Ser livre seria não depender de ninguém. Como na ilusão do jovem que vislumbra liberdade no dia em que sairá de casa e não precisará mais do sustento de seus pais. Liberdade como sinônimo de autossuficiência.

Há quem confunda liberdade com isenção de responsabilidade. Ser livre seria poder tomar decisões sem ter que se preocupar com as consequências. Como quando alguém acusa Deus de não dar real livre-arbítrio na medida em que não isenta dos desdobramentos que as escolhas acarretam. Liberdade como o direito de viver sem compromisso. Esquecem o que afirmou John Stott quando escreveu que o homem é livre para fazer escolhas e responsável pelas escolhas que faz.

Liberdade é a vitória do ser sobre tudo que o aprisiona, limita e diminui. Liberdade não é independência, pois a dependência mútua jamais nos apequena, mas engrandece. Liberdade não é isenção de responsabilidade, pois esta jamais nos anula, senão que nos eleva. Ser livre é ser capaz de superar as cadeias que impedem o fluir da vida.

Existem diversos fatores de aprisionamento. Basicamente, são de dois tipos: externos e internos. Os externos conhecemos bem: sistemas prisionais, cárceres privados, até castigos. Quem nunca proibiu um filho de sair do quarto? Mais difícil, no entanto, é discernir os fatores internos, os quais aprisionam a alma e limitam a realização do ser. A princípio, são quatro: medos, marcas do passado, mentiras e vícios.

Os medos aprisionam porque impedem que ultrapassemos barreiras ou enfrentemos desafios. Roubam a confiança, minam a autoestima e prejudicam o livre exercício das virtudes pessoais.

As marcas do passado, traumas, mágoas e complexos, funcionam como correntes e pesos que trazemos amarrados ao corpo. Vão conosco para onde formos, atrapalhando movimento e mobilidade.

As mentiras aprisionam porque exigem inúmeros esforços para manterem-se. Uma chama a outra. Quem mente vira escravo das mentiras que contou e refém permanente dos riscos de a verdade vir à tona.

Os vícios, finalmente, aprisionam alma e corpo, pois transformam escolhas equivocadas e prejudiciais em condicionamentos contras os quais é difícil lutar. Uma pessoa viciada é aquela que já não tem liberdade para prescindir do objeto de sua obsessão.

Por isso, em primeiro lugar, é preciso identificar os agentes de aprisionamento presentes em nossa vida. Quais são os fatores de aprisionamento que me diminuem como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus? Então, em segundo lugar, é preciso tomar atitudes corajosas, pois liberdade e coragem andam juntas. Para vencer o medo, a coragem de confiar. Para vencer marcas do passado, a coragem de perdoar e pedir perdão. Para vencer a mentira, a coragem de falar a verdade. Para vencer os vícios, a coragem de pedir ajuda. Aliás, este será sempre um passo importante: pedir ajuda, sobretudo de Deus.

Jesus é nossa referência de liberdade e também quem nos liberta de toda escravidão. Ele nos liberta do pecado e do mal que estão na base de todos os demais fatores de aprisionamento. Como Ele mesmo disse: se o filho os libertar, vocês verdadeiramente serão livres! E a liberdade é excelente! E gente excelente é gente livre!”

Marcelo Gomes

Prosperidade Verdadeira


(Salmo 25:12-13, Salmo 128, Provérbios 11:24-25 e Jeremias 29:7)

”Prosperidade é conceito bíblico: Quem é o homem que teme o Senhor? Ele o instruirá no caminho que deve seguir. Viverá em prosperidade. Seus descendentes herdarão a terra (Salmo 25:12-13). Há quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas; outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza. O generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá (Provérbios 11:24-25). Contudo, é preciso saber exatamente o que a Bíblia chama de prosperidade.

Prosperidade não é sinônimo de riqueza. Riqueza é uma coisa, prosperidade é outra.  Certamente, há um campo de intersecção entre as duas, mas não são idênticas. O contrário de prosperidade não é pobreza, mas prodigalidade. Há ricos (segundo critérios materiais) pródigos e pobres (segundo critérios materiais) prósperos. O futuro dirá como serão. E para que possamos entender o que realmente é prosperidade, alguns princípios precisam estar claros em nossas mentes e corações.

1. Prosperidade não é produto, mas caminho. Não é alguma coisa que a gente tem, mas uma história que a gente escreve e um modo de lidarmos com aquilo que a gente tem. Não vem com um conjunto de bens, mas com o hoje que é melhor que o ontem. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter uma DISCIPLINA excelente!

2. Prosperidade não é posse, mas relação. Não é o que a gente tem, mas o modo como a gente se relaciona com o que tem. Não vem com a riqueza, mas com a alegria de desfrutar as diversas riquezas que a vida proporciona. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter um CONTENTAMENTO excelente!

3. Prosperidade não é conquista, mas fruto. Não é alguma coisa que a gente toma ou ganha, mas alguma coisa que a gente planta e colhe. Não vem num golpe de sorte, mas resulta de uma construção diária e dedicada. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter uma PERSEVERANÇA e uma PACIÊNCIA excelentes!

4. Prosperidade não é desfecho, mas impulso. Não é um lugar onde a gente chega, mas um mirante de onde a gente vislumbra para onde vai. Não vem como realização de um sonho, mas como um convite a não deixar de sonhar. É um chamado à constante renovação. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter uma ESPERANÇA excelente!

5. Prosperidade não é individual, mas comunitária. Não é sobre quanto a gente tem, mas sobre quanta gente a gente abençoa. Não vem com o acúmulo de bens, mas com a construção de amizades verdadeiras e relacionamentos em amor. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter uma GENEROSIDADE excelente!

6. Prosperidade não é valor material, mas espiritual. Não é sobre o que a gente tem, mas sobre quem a gente é. Não vem com uma vida material bem sucedida, mas com uma vida espiritual bem nutrida. Afinal, daqui a cem anos, não importará o que você teve, mas onde você está. Até porque, segundo a Bíblia Sagrada, onde quer que você esteja, estará para sempre. Por isso, a pessoa que deseja prosperar precisa ter uma vida excelente de FÉ EM CRISTO E OBEDIÊNCIA A DEUS!

E por falar em ricos e pobres, vale lembrar da parábola de Jesus sobre um homem que tinha riquezas, mas era avarento, e um que vivia como mendigo. Ambos morreram. Este, apesar de sua miséria, foi recebido por Abraão. Aquele, apesar de seus bens, foi para o inferno. Na perspectiva do fim, qual prosperou e qual não? A eternidade diz tudo! E para sempre dirá!”

Marcelo Gomes

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Excelência - Qualidades Pessoais


(1 Samuel 18:5, Provérbios 22:29, Romanos 12:6-8 e 1 Pedro 4:10-11)

Blaise Pascal defendeu que nós “nunca amamos as pessoas; o que amamos são as suas qualidades”. Balthasar Gracián escreveu que é preciso “tornar indispensáveis nossas qualidades, de modo que se note que o cargo precisava de nós e não vice-versa. Há quem honre sua posição, outros são honrados por ela”. Enfim, ninguém pode negar as vantagens e benefícios que nossas qualidades pessoais proporcionam. Feliz a pessoa cujas qualidades são abundantes e evidentes diante dos que a cercam.

Qualidades são atributos desejáveis e positivos da personalidade, do caráter e do comportamento humanos. São predicados do sujeito, pelos quais recebe elogios e recompensas. São opostas aos defeitos, embora uma reflexão mais profunda sugerirá que podem ser dois lados de uma mesma moeda. Mas esta é uma outra questão. Qualidades são importantes. Devem ser buscadas com zelo e alimentadas com dedicação.

As qualidades humanas estão divididas, basicamente, em quatro grupos:

1. AS VIRTUDES MORAIS são qualidades que ajudam o sujeito a OBSERVAR PRINCÍPIOS E VALORES de seu grupo social. Fazem uma pessoa honesta, responsável, confiável, trabalhadora. Tornam-nos exemplos, quando as possuímos. Contudo, é possível que alguém conviva conosco, reconheça nossas virtudes e até as admire, mas ainda assim não as apresente nem deseje em sua própria vida.

2. AS HABILIDADES GERAIS são qualidades que ajudam o sujeito a DESEMPENHAR FUNÇÕES E TAREFAS, as quais normalmente exigem conhecimento e técnica. Requerem prática insistente, hábito (habilidade e hábito têm raiz no verbo habere, latim, que significa “segurar, manter”). Capacitam a pessoa a fazer o que deve fazer da melhor maneira possível, mas nem sempre a ajuda a ser quem ela deve ser ou o melhor que poderia ser.

3. OS TALENTOS NATURAIS são qualidades que ajudam o sujeito a DESTACAR-SE em REALIZAÇÕES OU ÁREAS DE ATUAÇÃO que não apresentam nenhuma facilidade para a maioria das pessoas. E as talentosas desenvolvem-nas tranquilamente, sem necessidade de grande esforço. Geralmente, são mais simples de identificar nas artes, nos esportes ou mesmo na política, embora apresentem risco de negligência e orgulho, uma vez que pessoas talentosas são, grosso modo, autoconfiantes.

Em geral, estes três grupos são bastante óbvios e contemplam a maioria das qualidades que desejamos ou admiramos em outros. Ocorre, porém, que é no quarto grupo que estão aquelas que mais precisamos, as quais envolvem nosso relacionamento com Deus e Seus propósitos para nossa vida:

4. OS DONS ESPIRITUAIS são qualidades que ajudam o sujeito a TRANSFORMAR O MEIO E AS PESSOAS por uma ação inspiradora e construtiva. São manifestações inequívocas da graça de Deus (traduzem o termo grego charismata, cuja raiz é charis, que significa “graça”), que os concede livre e soberanamente para todos que Dele se aproximam com fé e de coração. Vão além das virtudes, das habilidades e dos talentos. Fazem uma pessoa instrumento nas mãos do Senhor. E o Senhor é quem transforma pessoas e circunstâncias à nossa volta.

Paulo escreveu que devemos buscar com zelo os melhores dons. Assim, somados às nossas demais qualidades, eles nos ajudarão a ultrapassar os limites do exemplo e da inspiração, levando-nos a ser agentes de transformação. E isso, sim, é excelente!

 Mensagem pregada pelo Pr. Marcelo Gomes no culto das mulheres da Primeira IPI - Maringá no dia 15/05/2013.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Excelência - A pessoa certa pra você


 (João 13:1-10)

O pastor saía do templo, após celebrar o culto com a igreja, quando foi abordado por um jovem com a seguinte pergunta: “como posso ter certeza que escolhi a pessoa certa para me relacionar?” Ao que o pastor respondeu: “talvez não possa, mas pode perguntar a si mesmo se você é a pessoa certa para aquelas que estão ao seu lado”. E o jovem saiu com muito para pensar.

Normalmente, grande parte de nossa reflexão sobre relacionamentos diz respeito aos outros, a quem julgamos com os critérios que temos para decidir se são as pessoas certas para seguirem conosco no caminho que trilhamos. Será que estou com a pessoa certa? Será que escolhi o sócio certo? Será que votei no candidato certo? E assim por diante. Mas nem sempre questionamos a nós mesmos. Será que temos sido as pessoas certas? Será que eu tenho sido a melhor companhia para aqueles que já estão ao meu lado? Esta é a questão fundamental para quem tem compromisso com a excelência.

Gente excelente não está a procura de relacionamentos excelentes, como se eles pudessem ser encontrados ao acaso ou caíssem do céu. Gente excelente quer ser excelente em todos os relacionamentos que tem, na certeza de que pode contribuir com a construção da identidade do outro e influenciar positivamente aqueles que a cercam. Gente excelente não está tão preocupada com o escolher como está comprometida com o ser. Assim como Jesus, que não escolhe as pessoas certas, mas é a pessoa certa para abençoar e transformar todos aqueles que com Ele se relacionam.

Jesus nos ama e nos acolhe não porque somos as pessoas certas, mas especialmente porque não temos condições de fazer nada direito sem a ajuda Dele. Não espera beneficiar-se de nossa identidade, mas fortalecê-la em Sua graça e misericórdia. E pode fazer isso porque não depende de nosso afeto ou reconhecimento para estar seguro de sua própria identidade. Ele sabe que é o Filho de Deus e que tem o amor do Pai. Por isso, somente assim também nós, convictos do amor de Deus e de nossa segurança Nele, poderemos amar as pessoas que nos cercam sem demandar o favorecimento de nossa autoestima.

Porque Jesus sabe quem é e está seguro no amor de Seu Pai, também está disposto a servir os seus amigos. Ele mesmo nos chamou seus amigos. Não precisa impor-se ou repetir insistentemente sua supremacia em relação a nós. Só quem não sabe quem é precisa crescer sobre os outros; quem sabe, pode até diminuir-se. E jamais o fará por vitimismo ou complexo, mas por desejo de servir e convicção de que pode ajudar. Jesus não tomou como algo de apego o ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, assumiu forma humana, como homem foi servo, e como servo foi obediente até morrer numa cruz. Quer exemplo melhor que este?

Enfim, gente excelente se faz gente certa para estar ao lado da gente porque nos ajuda a chegar mais perto de Deus. Jesus fez o que fez para nos abrir um novo e vivo caminho para Deus. Em seu nome pedimos e recebemos. Em seu nome somos salvos. Por Ele e com Sua ajuda, assumimos a responsabilidade de também conduzirmos nossos amigos para mais perto de Deus. E não poderíamos fazer nada melhor por eles.

Excelência - Virtude


 (Provérbios 2:20-22 e 2 Pedro 1:5-8)

Se você procurar num dicionário o significado de “virtude”, certamente encontrará palavras como “bom”, “bem”, “qualidade” e “atributo”. Nenhuma grande novidade. Normalmente, todos temos alguma noção do conceito por trás desta palavra. Contudo, se você fizer uma pesquisa mais atenta e um pouco mais aprofundada, descobrirá que outra palavra aparece com frequência. É “constância”. Virtude e constância andam sempre juntas. Não são atos pontuais e corriqueiros que fazem uma pessoa virtuosa, mas um compromisso permanente, contínuo, com valores e princípios que norteiam suas escolhas.

Daí surgem os problemas. Tudo que envolve constância e perseverança tende ao cansaço e ao desânimo. Nossa dificuldade não está em saber do que trata a virtude, mas em descobrir caminhos para seguir em sua busca apesar dos desgastes e desincentivos que se nos oferecem. Por que ser virtuoso numa sociedade viciada e sem alicerces morais? Por que remar contra a corrente ou andar na contramão? Por quatro razões:

1. Somente a virtude me ajudará a manter a vida no trilho. A vida descarrila com facilidade. Nossos deslizes costumam chamar outros. Em linguagem bíblica, “um abismo chama outro abismo”. Sabe aquela história de “já estraguei meu regime, mesmo, que seja”. A gente se sente mais inclinado a errar quando já conhece o caminho do erro. E o mesmo vale para o que é certo, pois cada vitória surge como motivação para continuar com o esforço. E a vida segue no trilho.

2. Somente a virtude me fará uma pessoa confiável. O mundo é carente de gente confiável. O próprio mundo não é confiável. Sistemas mudam, regimes caem, economias outrora sólidas simplesmente quebram. E as pessoas mudam, desistem, voltam atrás, traem, mentem, apunhalam pelas costas. Dizem que vão, mas nem aparecem. Combinam horários, mas Deus que nos perdoe! Cultura do atraso! Já foi buscar um produto ou serviço que estava agendado para ser retirado e não estava pronto? Pois bem: gente confiável, não demora, será mais valiosa que diamante. Gente como aquela que o Salmo 15 celebra (leia e entenderá)…

3. Somente a virtude me conferirá real poder de influência. Tem um respeito que nem todo dinheiro do mundo pode comprar. Um dia, alguém quererá saber o que você tem a dizer, não porque ficou rico ou tem diplomas na parede do escritório, mas porque vive uma vida séria. Um dia, seu próprio filho dirá que quer ser como você, não por medo do castigo, mas por profunda e verdadeira admiração. Será nesse dia que nossa mensagem ganhará os corações daqueles que nos cercam.

4. Somente a virtude me trará verdadeiro contentamento. Contentamento com as coisas é sempre passageiro. Terminado o deslumbramento inicial, passada a euforia da conquista ou da vitória, os sentimentos comuns voltarão à cena. E quem depende de coisas materiais para estar contente, cedo ou tarde, já não conseguirá ficar contente sequer no momento em que as conquistar. O único contentamento que permanece é aquele que a gente sente com a gente mesma, pelo que Deus está fazendo na nossa vida. Sabe aquela conversa de Paulo sobre ser contente em qualquer situação? É isso! Tudo posso Naquele que me fortalece. E ninguém precisará de dicionário para saber o que isso significa…